Já pensou em fazer uma grande viagem rumo ao desconhecido? Parece assustador, não é? Mas foi isso que os nossos queridos antenatos fizeram.
A imigração italiana começou em meados de 1870, por italianos cheios de esperança de um futuro melhor, vindos de uma Europa em crise, sem empregos. E aqui no Brasil, um país onde a escravidão começava seu declínio (com a lei do ventre livre, depois do sexagenário e, por fim, a lei áurea), ao invés de os fazendeiros integrarem os ex-escravos ao mercado de trabalho, optaram por contratar mão de obra de origem européia.
Dessa forma, muitos imigrantes começaram uma grande jornada rumo à América, sem nem saber ao certo para onde estavam indo e o que iriam encontrar, achavam, na verdade, que encontrariam um lugar cheio de riquezas, prosperidade e fartura.
A VIAGEM DE NAVIO
Os principais portos da Itália eram Genova e Napoli (uma dica, se seu antenato era do sul, provavelmente ele saiu do porto de Napoli, se do norte/centro, provavelmente saiu do porto de Genova). A partir deles, muitas pessoas começaram sua jornada rumo ao desconhecido e a uma vida cheia de esperança.
A viagem não era fácil, navios lotados, comida escassa, condições sanitárias precárias, mas a esperança sempre na mala e no coração, o que, acredito, dava forças para essas pessoas chegarem ao seu destino.
Dentre tantas histórias que conheço sobre essas viagens, há relatos sobre a falta de comida e o desespero em se comer alguma coisa, em que ratos viravam refeições; outras em que muitas pessoas morriam nos navios, pelas más condições e, infelizmente, alguns nascimentos em que o bebê não resistia e era jogado ao mar. Imaginem o sofrimento dessas pessoas, imaginem a força que deveriam ter.
A chegada, com toda certeza, era um alívio enorme, chegaram com vida, a mala da esperança finalmente será aberta e um futuro melhor está aqui.
Chegando ao Brasil, os imigrantes eram encaminhados para as hospedarias e lá ficavam sabendo para onde seriam encaminhados. Muitos vieram com passagens pagas pelos fazendeiros brasileiros e, por isso, obviamente, eram encaminhados a tais fazendas.
Encontrei uma imagem interessante, um antigo poster de como funcionava a hospedaria em São Paulo, os imigrantes eram recepcionados e divididos conforme a maneira que chegaram, por terra ou por mar, passavam por serviço médico, recebiam refeições e eram encaminhados para o seu destino final, as fazendas.
E é aí que começam as buscas para nós, os descendentes. A passagem pela imigração não era exatamente obrigatória, por isso, muitas pessoas não encontram o registro de seus antepassados nos livros de registros de imigrantes (meu trisnonno materno não está lá, por exemplo).
COMO FAZER PESQUISA NOS SITES DE REGISTRO DE IMIGRAÇÃO
Os responsáveis pela guarda destes livros são os Estados (alguns links estarão logo no final desse texto), e neles é possível consultar a chegada do seu antenato. A pesquisa pode ser um pouco complicada, devido ao abrasileiramento de muitos nomes, além do que, as pessoas que faziam o registro, digamos, não tinham lá muita paciência e vontade em fazê-los, por isso, é comum você encontrar nomes escritos de maneira errada, mas isso não é motivo para desistir, hein!
Para que sua procura seja mais efetiva, faça a busca não com o nome completo de seu antepassado, coloque apenas as 3 primeiras letras do nome e do sobrenome dele. Por exemplo, o nome de meu bisnonno era Emilio, eu não achava de jeito nenhum, sabem porquê? Porque no livro de imigração está escrito Emidio (e o nome dele na Itália não é Emidio, era Emilio). Como descobri? Fazendo a pesquisa somente com as três primeiras letras do nome dele.
Saber o porto onde desembarcaram é importante, se você não sabe, faça a pesquisa nos sites, mas se souber, melhor. Os registros de imigrantes podem não ser muito completos, podem não trazer realmente a cidade de origem de seu antepassado, mas pode te ajudar, e muito, na pesquisa de documentos. Por exemplo, na origem normalmente está escrito Genova ou Napoli, isso não quer dizer que seu antenato seja natural de Genova ou Napoli, mas sim que ele embarcou em um desses portos. O que pode te dar uma pista é o local do destino final, com isso, você pode ter ideia do local para onde a pessoa foi e, provavelmente, ela se instalou nessa localidade e é aí que, possivelmente, o filho do seu antenato (seu ascendente também) nasceu.
Os registros de imigrantes mais recentes (quando digo recentes são do começo do século XX, normalmente a partir dos anos 20), podem estar mais completos e aí sim você consegue saber a cidade de onde o italiano é natural, mas também não são muitos.
Fato é que esses registros trazem informações que nos guiam para o começo de uma nova jornada, diferente da dos nossos antepassados, mas que está intimamente ligada a eles e, no final, tem o mesmo objetivo, a esperança de uma vida melhor com um passaporte europeu nas mãos e, além disso e mais importante, o resgate de nossas raízes.
LINKS PARA PESQUISA DE IMIGRANTES NO BRASIL:
http://bases.an.gov.br/rvbndes/Menu_Externo/
http://www.siaapm.cultura.mg.gov.br/modules/imigrantes/search.php
http://www.apers.rs.gov.br/portal/index.php
http://www.arquivopublico.pr.gov.br
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